UNIVERSIDADE
FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO
DE FÍSICA
MESTRADO
EM ENSINO, FILOSOFIA E HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS
DISCIPLINA:
F15732 - ENSINO DE CIÊNCIAS E GÊNERO
Profa
Dra: Angela Maria Freire de Lima e Souza
Estudante:
Maria das Graças Pereira Nunes
Resenha
nº 5
Base:
Passos, Elizete Silva. Educação das Virgens: um estudo do cotidiano do
Colégio Nossa Senhora das Mercês. Rio de Janeiro, 1ª ed. Editora Universitária
Santa Úrsula. 1995.
“EDUCAÇÃO
DAS VIRGENS”: Análise da Proposta Educativa das Ursulinas - Internato das
Mercês
Elizete
Silva Passos
É
Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia - UFBA, docente desta
Instituição de Ensino Superior, em duas unidades. Professora do curso de
graduação em Filosofia e dos programas de Pós-graduação em Filosofia e em Estudos
Interdisciplinares sobre a mulher- NEIM. Docente credenciada
do Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação. Realiza pesquisa e
participa do grupo de Educação, Filosofia e Gênero da Faculdade de Educação e
estudos sobre a mulher. É autora de “Palcos e Pateias”, “Mulheres Moralmente
Fortes”, “De anjos a mulheres” e “O Feminismo de Henriqueta Martins Catharino”.
Esse estudo foi realizado no período de 1992-1994 com a participação de três
bolsistas do CNPQ, trata-se de um trabalho apresentado como exigência para
obtenção do grau de Doutor.
A
Obra
“Educação
das Virgens. Um estudo do cotidiano do Colégio Nossa Senhora das Mercês.”
Uma
jóia de conhecimento aos interessados em Educação, Ensino, Sexualidade e
principalmente gênero. Importante leitura para quem deseja saber sobre a
educação brasileira, especialmente a educação feminina no Brasil e para quem
considera a mulher como um ser político e social um indivíduo intelectual
sufocado no sistema mundial de dominação masculina. Preparado no período de 1992 a 1994 foi publicado em
1995. Representa o resultado de uma pesquisa sobre a educação feminina em uma
instituição religiosa - Convento das Mercês, local de educação das ursulinas.
Com esse trabalho a autora recebeu o título de Doutora em Educação pela
Universidade Federal da Bahia.
As
bases teóricas para a conformação do pensamento apresentado são: as teorias de
Wilhelm Reich em Análise de Caráter e Psicologia de Massas. Michel Foucault,
Vigiar e Punir e História da Sexualidade: a vontade de saber e Erwing Goffman
em Manicômios, Prisões e Conventos. Com esses autores o livro foi estruturado
em uma análise: das pretensões, do tipo de caráter que as educadoras religiosas
pretendiam que as educandas apresentassem caráter este que deveria estar em
conformidade com o que a sociedade da época
aceitava; do controle dentro da instituição sobre as educandas e do
controle da Igreja sobre a instituição; o controle social e político, a postura das educadoras religiosas com as
internas e toda a dinâmica do poder que vai passando das partes maiores para as
menores, nas formas de controle: vigilância, punições e articulações para se
conseguir estabelecer o ambiente que se quer, promovidas por atitudes desejadas e como reproduzir
essas atitudes como sustentáculo de uma situação conveniente a quem está
mandando.
O
livro divide-se em duas partes e estas partes em capítulos, ao todo sete
capítulos que abordam aspectos histórico e objetivo da educação da corporação
religiosa - a Ordem de Santa Úrsula - as
ursulinas desde sua origem, sua prática e o caminho organizado dos
conteúdos para sua Educação, a evolução desse percurso até a ordem
estabelecer-se no Brasil nos Colégios destacando o Colégio Nossa Senhora das
Mercês onde a pesquisa é realizada com base no cotidiano das internas,
interagindo com o espaço físico, com as educadoras religiosas e os conteúdos
para estudos. Essa pesquisa é importante documento histórico sobre assunto:
gênero e educação em qualquer outra
relação.
O
espaço de tempo onde se localiza a pesquisa é de 1897 a 1956 - período em que
o Colégio das Mercês tinha um internato. A parte do cotidiano é pesquisada do
período de 1916-1956, baseada na história oral das ex-alunas internas.
Análise
da Proposta Educativa das Ursulinas - Internato das Mercês
A
educação no Colégio das Ursulinas, Colégio das Mercês era diretamente voltada
para a formação do caráter feminino. Isto é evidente em todo o livro. Essa
educação visava a religião. Era basicamente uma formação de mulheres para vida
religiosa. Um incentivo à vida de reclusão. Aparentemente não era possível à
educação naquele estabelecimento ser diferente pois, como é informado pela Dra.
Elizete Passos em Educação das Virgens, no capítulo primeiro, o culto a Santa
Úrsula é decorrente de uma lenda na qual um translado de moças para casamento
forçado com homens que elas nem conheciam, no século V, início da Idade Média
estabelece este culto. Aquelas moças viviam
na Europa, na Grã-Bretanha. Nessa época outros povos também queriam morar nas
regiões européias, estavam sempre invadindo as localidades. Os homens com os
quais as moças iam se encontrar para se tornarem suas esposas, eram guerreiros,
soldados e, uma dessas moças, Úrsula, que era princesa, fora escolhida como
esposa pelo chefe deles.
Nenhuma
daquelas moças queriam ir. Não queriam casar-se com alguém que não conheciam,
não queriam casar-se a força. Estavam todas tristes e desesperadas. Mas, Úrsula
cujo espírito era abnegado e na sua vida praticava a caridade, era amorosa e
alegre, não se deixava abater e explicava as outras o motivo de sua segurança.
Havia se entregada a Jesus, já tinha um compromisso com ele, como a Virgem
Maria, que não queria casar-se com ninguém, nem com José, queria ficar devota
de corpo e alma para Deus, Ursula não queria casar-se com ninguém e sim
permanecer casta para Jesus e ele por certo as livraria das dificuldades
deveriam confiar nele. Orava e orientava as companheiras de viagem
estabelecendo com elas uma sólida amizade. Seus ensinos iam promovendo naqueles
jovens corações confiança.
A
viagem foi interrompida por causa das invasões bárbaras por mar e por terra.
Deveriam desembarcar por segurança. Desembarcaram em Colônia. Esta cidade
estava na rota do exército bárbaro. O povo se preparava para enfrentá-los.
Úrsula convocou as suas companheiras a enfrentarem os inimigos em nome da fé.
Era preferível morrer pela Virgem e por Cristo que ser desposada por loucos. As
moças foram todas massacradas, mortas pela espada. De acordo com a lenda foram
mortas onze mil virgens.
O
povo de Colônia passou a cultuá-las. Provavelmente por que a sua interviniência
impediu o massacre da cidade inteira e cultuavam principalmente Úrsula a líder
delas. As cabeças dessas moças chacinadas foram consideradas relíquias e onze
mil cabeças de moças foram distribuídas para serem levadas para diversos
lugares do mundo.
Os
jesuítas trouxeram o culto para o Brasil porque eram educadores e Úrsula passou
a ser considerada professora de todos os que ensinam. Para referendar o culto
às Virgens no Brasil trouxeram também três cabeças de virgens. Nesse ínterim
Ângela Mérici institui a sociedade das Virgens na Europa que é elevada a
companhia e recebe o nome de Companhia das Ursulinas.
As
primeiras casas ursulinas eram locais onde moças podiam se proteger fossem
ricas ou pobres. Encontravam, nessas casas, apoio, orientação religiosa. Um
exemplo é o Colégio de Milão do século XVII que foi o primeiro em reunir
moradia, educação com formação religiosa para moças necessitadas. A preocupação
dessa associação sempre foi com o espírito que, de acordo com os princípios de
São Paulo e as concepções de Santo Agostinho, era a razão para a mudança de
vida. Se mudasse a intensão do espírito, a vida seria mudada. Esse cuidado
primordial com o espírito significava, na obra das primitivas ursulinas, um
serviço social. Tomavam como exemplo a parábola de Jesus sobre as virgens
prudentes, contida nos evangelhos, como modelo para a alma feminina e
basicamente o modelo imperante era o de Maria a mãe de Jesus. Não só as
ursulinas, mas quase todas as instituições de educação e assistência dessa
natureza tinham a Virgem Maria como modelo.
A preocupação do ministério apostólico das ursulinas influenciou
conventos na época.
O
que fica claro, no tempo presente analisando a obra de Elizete Passos, é a
mudança de objeto de intenção na prática das ursulinas. No começo era o cuidado
com as classes pobres - o povo. Depois com a interviniência da igreja como
corporação de poder (informação que a Dra. Elizete Passos apresenta de forma
bem discreta e sem, aparentemente, nenhuma intenção de criar caso com a ordem o
que é bastante compreensível) elevando a irmandade à ordem, o serviço muda de
direção e local. Não é mais direcionada aos pobres e sim dos ricos e sai das
ruas para locais onde se institucionaliza.
Não
é de admirar essa ocorrência. A igreja sempre viveu do que a elite lhe
proporcionou, não podia deixar de oferecer também esse produto obtido através
de uma mulher humilde que pretendia servir aos humildes à classe que lhe
podiam restituir com fundos que
reforçariam sua condição de não ter carências. O que atenuou, em parte, a
descaracterização que o poder da igreja
infligiu ao ideal de Ângela Mérici, foi a atenção prestada aos pobres,
nas escolas anexas a igreja, mas separada dos conventos, os trabalhos de
educação feminina para meninas pobres. Contudo, a intervenção do poder, chaman do para si as atividades das ursulinas
permitiu a sua secularização.
Essa
prática educativa como muitas outras não tinha base pedagógica. A formação para
o magistério era mais possível aos homens que exerciam a profissão em
instituições de ensino para meninos. A educação feminina praticamente não
existia além da preocupação em formar religiosas e dona-de-casa. Pensava-se que
as mulheres não podiam ser educadas, não tinham condições para isso, eram
inferiores aos homens. Não havia tanta necessidade assim de formar professores
para elas.
Mas,
no século XVII, todas as coisas estavam sendo pensadas e repensadas e
repensou-se não só como educar melhor os meninos mas, também começou-se a
pensar na educação das meninas. Certamente essa atitude foi uma reação do olhar
sobre como as mulheres estavam vivendo até aquele tempo, suas ações, suas
construções e considerando o tipo de sociedade que se queira formar e sendo
elas, elementos indispensáveis na construção das famílias, precisavam ser
envolvidas no processo, tornou-se necessário orientar também a sua formação
para que nada fugisse do resultado social que se esperava. Dessa constatação,
tanto a primeira escola normal de 1684, aberta por João Batista de La Salle, como o tratado de
Educação das Meninas de Fénelon, foram resultado do processo de pensar e
repensar uma nova ordem social na Europa na época.
A
educação feminina proposta por Fénelon não afirmava que as mulheres eram tão
inteligentes quanto os homens. O tratado da Educação das Meninas chamava
atenção à educação, sempre doméstica que elas recebiam, como mantenedora de sua
inferioridade e abria uma brecha para que se iniciasse uma educação combativa à
sua condição dita como natural de ser
menor. Talvez uma leitura desse tratado, seja mais elucidativa sobre o que
Fénelon queria. As mulheres recebiam uma educação não para superar sua
condição, sim para aceitarem passivamente uma situação que lhes foi imposta
pela sociedade androcêntrica e muito misógena da época. Positivo sobre tudo
isso é que no momento que a mulher aprendia a ler seus horizontes se ampliavam.
Apesar disso ficava imprensado pela imposição do seu papel social na sociedade.
O exercício desse papel apesar disso, elevava a mulher apenas no redil
doméstico. Sua educação não podia esquecer que pariam e criavam os filhos e que
era mista a sua religiosidade.
A
prática educativa das ursulinas como Ordem foi constituída sobre o conceito
social de mulher na época O fundamental desta prática estava vinculado ao
desenvolvimento da religiosidade das meninas e moças. “Formar mulheres para
Deus e para a família” ( PASSOS, 1995: 122). Com a última finalidade as
ursulinas não se confrontavam com as prerrogativas do poder que mantinham a
mulher em uma situação conveniente.
Partindo
dessa premissa, a primeira coisa a ser ensinada era temor de Deus, a confiança
em Deus era um pré-requisito que, requeria acreditar e ter fé em Deus. Seguidamente
a leitura, atividades - prendas domésticas. Dessa forma, orando e aprendendo a
serem excelentes donas de casa, a obedecer o chefe da família, a educação
praticada não causaria modificações notórias na forma de pensar das moças na posição sócia delasl; apenas as qualificavam
para exercer melhor suas funções maternais e domésticas e tratar o marido bem
convencendo-as de que esse era o melhor caminho para a felicidade, fora o
religioso. A felicidade, segundo Santo Agostinho era o que o homem buscava
incessantemente e no caminho religioso há a felicidade. As religiões continuam
essa tese até os dias atuais. As ursulinas acreditavam nisso.
O
investimento da educação das ursulinas, para as moças era muito mais religioso
que voltado para o desenvolvimento intelectual. Muito mais preocupado com a
sociedade e principalmente contrair matrimônio. Um homem na vida de uma mulher
era importante pois ela dependeria dele para sua sobrevivência se não material,
social. Caso não casasse, uma mulher não era nada. Precisava de uma referência
masculina. A educação das ursulinas reforçava isso. Não é possível esquecer, no
entanto, que esse investimento educativo, na pessoa feminina que vivia em
regime de internato no Convento das Mercês, excluía as meninas pobres. Era uma
educação elitista para formar moças ricas, brancas pela causa de receberem bons
dotes ou para formar religiosas freiras ursulinas brasileiras, baianas. Se a
moça não quisesse casar era melhor reclusá-la. Os mosteiros femininos existiam
para esta última possibilidade.
Uma
educação que objetivasse bom porte, boa aparência física, não aparecem nas
regras da idosa camponesa Ângela Mérici, Gabriel Cozzano tampouco aproximou-se
dessas etiquetas. Contudo essa era ação vigente na prática educativa voltada
para o social. Era importante a moça ter boas maneiras. Havia predeterminação
de como deveria ser a sociedade que, embora androcêntrica, foi promovida por
homens sensíveis a beleza e que gostavam de diversão e requinte. Apesar disso a
ênfase era no sentido religioso da educação, uma forma de manter a mulher
separada, submissa e penitente.
Educação
Ursulina
Desde
o início educação, para as ursulinas, estava atrelada a formação religiosa e
tinha a religião como orientação. Era necessário formar pessoas cuja imagem e
semelhança fossem divinas. A educação da mulher era algo especial para essa
determinação não somente pelo conceito que se tinha da natureza feminina mas,
também, pela condição de criar filhos e ser ajudadora de seu marido. Sem desconsiderar
que a mulher era mais dada a religiosidade, a educação devia ser firme porque
elas, consideradas por natureza, frágeis, sucumbiriam facilmente ao erro e
podiam tornar-se um perigo social (MACEDO, 1990).
A
educação abarcava dois pontos de vista do ser feminino: o de ser forte e o de
ser fraco. Forte, na importância social de parir e criar filhos e fraco ante os
prazeres e as propostas do mundo. Se a mulher sucumbisse à fraqueza, poderia
acostumar-se no erro e nunca mais querer deixá-lo, tomaria um caminho sem
volta. Uma vez provado o fruto do pecado passa-se a querer mais e mais, acostumando-se com uma vida de prazeres
mundanos ficava difícil recuperar. Era mais impossível refazer moralmente uma mulher
que um homem.a própria época tinha definida uma sociedade de dura repressão
feminina. A fortaleza que poderia abrigar o marido em tempo de infortúnio
estaria minada. Devida a excentricidade dada ao sexo feminino, o que o
enaltecia, embora a intenção fosse diminuí-lo, era necessário adestrá-lo ao
controle dos impulsos, fazê-lo convencido de que certo e bom era viver de
acordo com os padrões morais requeridos. Para tal a educação deveria ser
limitadora. Assim as educadoras religiosas ursulinas, com o ideal de colaborar
com Deus e promover melhoras sociais, objetivava a atividade educativa como
formadora de almas para o mundo e para a igreja. Para atingir seus objetivos
educacionais seus ensinos visariam a permanência de cada alma em seu lugar. O
exercício dessa educação cheia de princípios fazia-se com respeito e autoridade
que eram características de Deus. Além de ter essas características as
educadoras deveriam ter humildade, docilidade com base nas orientações
primitivas da ordem, quando ainda era uma pequena irmandade na Bréscia, Itália
e cada membro ficava em sua própria casa.
Para
formar mulheres de maneira que todos os aspectos de sua existência, como
pessoa, fossem contemplados e que objetivasse a vida social desejada para o
tempo, havia uma prescrição de estudos que a princípio determinava só aulas de
religião. Depois se amplia para atender as prerrogativas dos tempos da história
social dos homens, passando pela leitura e orientação para fazer leituras de
bons livros e boas revistas, noções de economia, leis da sociedade e condições
de trabalho e vida das pessoas nas indústrias. Esse currículo era para simples
informação, sem direito a crítica. Uma preparação para o caso de se casarem
poderem apoiar seus maridos em suas empresas, em suas indústrias.Porque sendo
de famílias materialmente abastadas aquelas meninas já estavam destinadas a casarem-se com homens
de posse, salvo algum infortúnio decorrente de
seguirem os ditames de um coração desvairado de paixão. O aspecto
constituição de família estava até no currículo.
Percebe-se
também aí o trabalho, mesmo que inconsciente, de mantenender uma ordem social existente e para que a
mulher não saíisse do seu lugar. Uma prática que representava a reprodução de
uma situação desejada. Dando-lhe um caráter humano amigável para que não
houvesse desarmonia. Cada coisa com sua finalidade, cada pessoa no seu devido
lugar em posições estabelecidas definitivamente como se a vida não mudasse,
como se o planeta estivesse parado. Uma fidelidade induvidável a um tempo. Não
havia condições para inovações, não podia ser diferente. Era assim e acabou. As
mulheres deveriam cultivar espírito quieto e brando para elas. Um espírito
próprio das mulheres (2 Pedro 3:4). Dessa forma não sairiam em busca de outra
coisa que não fosse pureza, bondade e vida tranqüila, a maternidade, o lar .
Lógico
que com essa formação não fariam descobertas. Não teriam interesse nas
ciências. Decorrente disso, as ciências entraram no currículo da educação
ursulina, somente a partir do século XX.
Ciências
no Currículo da Educação Ursulina
O
conceito de que os homens eram mais dados aos estudos das humanidades, com a
crença em Deus já estavam preparados para entender a criação e dominarem a
natureza. Desse entendimento decorrem que a ciência seria apenas a maneira como
os homens dominariam a natureza e quando, a partir do século XX as ciências
passam a constar no currículo dessa ordem os estudos relacionados consiste
apenas em orientações para: enfrentar problemas difíceis da vida,
fortalecimento da força moral e da força de vontade, cumplicidade, caridade,
meiguice e bondade para que a alma fosse poderosa e tivesse bom caráter (PASSOS
1995).
Observação
e análise dos Acontecimentos naturais era a prática do ensino de ciências. De
acordo com os princípios da educação da Ordem e sendo voltada para as mulheres
era de pouca ou nenhuma valia, a formação científica. Importante era chamar
atenção para a natureza em atividades como jardinagem. Não se alimentava
questões de sexualidade.A matemática era mais importante que as ciências
naturais, mas não aprofundava muito. Aprendia-se só o que seria usado na
prática.Essa proposta curricular assim como a prática educativa e a metodologia,
podem ser consideradas como boas para uma determinada época, quando não era
possível fazer diferente. Depois houve muitas modificações na prática educativa
do Colégio das Mercês.
Conclusão
Aparentemente
as educadoras ursulinas tinham dificuldades em preparar os conteúdos
curriculares ou não davam importância a esse aspecto educativo ou ainda
obedeciam cegamente a época. Prescrevendo estudos apenas superficiais para
aquelas moças. Como elas eram filhas de pessoas que, na sua maioria, só tinha
dinheiro e poder, a falta de conhecimentos gerais talvez não fosse percebida.
O
que se pode concluir que essas moças passavam em tempo útil de suas vidas para muito pouco provento, , exceto o incremento a
fé. Posso estar enganada.
Referências
Bibliográficas
ALGRANT,
Leila Mezan. Escravidão no Cotidiano das Instituições de Reclusão Feminina no
Sudeste do Brasil Colonial em Brasil Colonização
e Escravidão. Maria Beatriz Nizza da Silva (org). Nova Fronteira. Rio de Janeiro, 2000.
MACEDO,
José Rivair. A Mulher na Idade Média (Coleção Repensando a História Geral). São
Paulo Contexto. 1990.
PASSOS,
Elizete Silva. A Educação das Virgens. Um estudo do cotidiano do Colégio Nossa
Senhora das Mercês. Rio de Janeiro, 1ª
ed. Editora Universitária Santa Úrsula. 1995.
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