domingo, 15 de abril de 2018
sábado, 7 de abril de 2018
Falando em Arca.
Quando eu falo arca, não posso pensar em navio, embarcação dentro das conformações....arca é caixa, baú...risos. Na casa de minha avó tinha arcas de bom tamanho e baús. Por muitos anos se guardou uma arca interessante de mais ou menos um metro de comprimento por sessenta de largura.Era revestida por um couro fino, algo delicado e feito com esmero. A aparência era velha. Vivia cheia das coisas de meu avô, pai de papai que já havia falecido quando eu passei a entrar naquele quarto e abrir a tampa daquela caixa cinzenta. Hoje eu a acho bonita, se estivesse com ela não a destruiria...Entendo que ela era valorosa.Se não me engano esta era uma arca portuguesa, muito antiga que atravessara o Atlântico com a família de vovô. A outra fora feita por ele que era marceneiro. Uma caixa de boa profundidade. Do mesmo comprimento da outra, mais de largura menor.mais funda...Não sei que madeira era aquela...Muito linda a caixa, toda lisa, bem polida . Trabalho de artífice, trabalho de Arnaldo Pereira Nunes(memória). Esta vivia no quarto de minha avó, cheia de roupa de cama , mesa e banho, com muita naftalina, por causa de traças e mofo.. Mas, eu não sei para onde foram as arcas. Presumo que se ainda existirem, o que pode ser improvável, principalmente para a primeira, estejam lá no subúrbio ferroviário, na casa de um de meus primos que valoriza estas coisas todas, gosta de antiguidades. Pertence a sua família agora.embora ele não seja neto de meu avô, ele foi reunindo, junto com sua mãe as coisas de vovó que estavam na nossa casa, uma vez que vovó adoecera muito e passara a residir em casa de sua filha, a mãe dele. Eu estava presente quando isto aconteceu. Muita coisa nova ou com pouco uso. Vovô guardava aquilo tudo para quem? Mas eu não tinha consciência de que tudo aquilo era meu.Não podia ter esta consciência, porque não tinha casa...não pensava em ter casa...casamento e tudo que se referisse a querer algo para casa, tudo estava tão distante, para mim....Para que eu iria querer tanta coisa? Onde guardar? Quando usar Eu era muito nova. Vi, tudo ser recolhido embalado e não me lembro mais como foi transportado, onde foi guardado.Depois de alguns anos, vovó já estava morta e titia também, em visita, acho que vi uma das toalhas de mesa de minha avó, na mesa de uma das casas deles, por lá e me emocionei sobremaneira quando vi, não pela toalha em si; mas pela lembrança de minha avó, não lembro de muita coisa....Naquela época , estas coisas me diziam tão pouco e eu tinha outras muitas preocupações com relação a onde viver e como viver,não tinha mais casa, não tinha mais nada material e, além disto , nunca fiz questão de nada e por um tempo evitava tudo que me lembrasse minha vida com vovó porque me fazia sofrer muito....muita saudade e muita dor de perda...eu não sabia lidar e as pessoas em volta não tinham ideia do que se passava comigo.Tempo de grande complicação existencial, ...eu ia ligar para nada? Hoje, é diferente. Amo lembrar de vovó, minha vida com ela e ligo muito para estas coisas de decoração, me agrada isto e me diverte... e tem revelado o quanto minha avó era prendada e socialmente fina. Mas, minha casa é muito simples. Uma humilde choupana. Não chega perto de sua organização....Vovó era muito organizada. Risos
Maria Nunes.
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